O livro “Veredas da orfandade - Entre meninos fazendeiros e jagunços” que constitui a tese de doutorado na área de Estudos Literários do docente do Instituto Federal de Mato Grosso Campus Primavera do Leste, Dr. Dagoberto Rosa foi lançada no 12° Colóquio Internacional de Literatura Comparada e 14° Seminário de Pesquisas em Estudos Literários, no dia 16 de novembro, no campus Tangará da Serra da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
O texto traz uma análise de três obras canônicas da Literatura Brasileira: Menino de Engenho (1932), de José Lins do Rego, São Bernardo (1934), de Graciliano Ramos e Grande Sertão: Veredas (1956), tendo como foco de abordagem a questão da orfandade, apresentada como voz reveladora das veredas interiores do ser e dos sertões brasileiros, com suas contradições e conflitos expostos como retalhos de um retrato metafórico do Brasil e de sua cartografia humana.
“A releitura crítica de obras consagradas é sempre um ato de resistência em momentos de crise e desafios, trazidos por um tempo histórico de incertezas e um processo contínuo de desumanização. Especialmente, quando este trabalho crítico e analítico traz uma perspectiva ampliada de desnudamento de uma condição comum à alma humana em seu contexto de relações com o mundo,” reflete o docente.
O trabalho de composição da tese revela um percurso bibliográfico extenso e as vivências pessoais do pesquisador enquanto leitor de obras consagradas, como a Odisseia, As mil e uma noites, Édipo Rei, Os Sertões, Desmundo, Iracema, contos de Mia Couto e de José Luandino Vieira, entre outros textos que expandem a questão da orfandade para uma dimensão atemporal, diversa e universal.
Um procedimento crítico e ensaístico que mostra, além de um apurado rigor acadêmico, uma escrita sensível, leve e poética para tratar de um tema delicado e complexo como a orfandade e as implicações sociais, afetivas, políticas e existenciais vivenciadas pelos personagens Carlinhos, de Menino do Engenho, Paulo Honório, de São Bernardo e Riobaldo de Grande Sertão: Veredas, órfãos que narram nos romances sua própria história.
A professora Maria Fernando Amaro Brasete da Universidade de Aveiro (Portugal) que foi arguidora da tese tece o seguinte comentário no prefácio da obra: “Poderia dizer-se que Dagoberto Rosa de Jesus soube bem mais do que ver, “olhar”, a partir de vários ângulos, a questão da orfandade presente nos três romances que constituíram o seu objeto de estudo(...) A publicação deste trabalho de investigação vem provar, sem dúvida, que as dissertações de doutoramento em estudos literários contribuem, efetivamente, para aprofundar e reconstruir o saber literário”.
