A mesa de debate “Falas de Teresa” foi pensada para possibilitar um debate das mulheres integrantes das comunidades atendidas pelo projeto Teresa de Benguela, através de suas representantes com a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves e a secretária de autonomia econômica, Rosane da Silva.
Ali estiveram representadas mulheres chiquitanas, migrantes, quilombolas, indígenas e as privadas de liberdade.
“O ponto alto do evento foi a mesa de debate pelo protagonismo das mulheres das comunidades atendidas pelo Teresa, que puderam estabelecer um diálogo direto com a Ministra”, avaliou a coordenadora geral do programa, Laura Aoyama.
Depois de uma breve apresentação do programa, as gestoras federais conheceram um pouco a realidade das mulheres em situação de vulnerabilidade social do estado de Mato Grosso contada por elas próprias.
“Elas relataram a realidade de cada uma de suas comunidades, os anseios e a Ministra falou sobre as políticas de governo em relação ao atendimento desses públicos”, completou a diretora de relações interinstitucionais e comunitárias, Regina Oléa.
Dois olhares
A indígena Domingas Aptso Rikbaktsa, representante da etnia Rikbaktsa e a agricultora familiar Maria das Dores de Oliveira Procópio viajaram oitocentos quilômetros de Juína e Castanheira para juntas, participar do evento. Ao lado de mulheres de suas comunidades elas serão alunas dos cursos do Teresa de Benguela em 2024.
Domingas será uma das mulheres indígenas das etnias Rikbaktsa e Cinta Larga participantes de um curso de coleta de sementes e produção de mudas em pequenos viveiros e outro de recuperação das clareiras criadas nas áreas utilizadas para produção de agricultura de subsistência.
Denominado enriquecimento de clareiras, contribuirá para a sustentabilidade nas terras indígenas. Depois de produzidas nos viveiros as mudas serão plantadas nas clareiras para promover o enriquecimento das áreas usadas no processo de produção da chamada roça de coivara.
Já Maria das Dores aprenderá a produzir hortaliças em ambientes protegidos na zona rural, para que o excesso de chuvas não prejudique sua plantação. Outra iniciativa será voltada à produção de hortaliças em pequenos espaços para mulheres em situação de risco e vulnerabilidade social moradoras da periferia do município de Juína.
“Olhem por nós, mulheres lá na agricultura familiar, trabalhando embaixo de sol quente, de chuva, para produzir um alimento saudável, com sustentabilidade. Continuem olhando principalmente aquelas que sofrem de violência, que muitas vezes não tem liberdade”, pediu a agricultora Maria das Dores à ministra.
Ela lembrou o apoio recebido do IFMT Juína para permanecer na zona rural, produzindo maracujá em uma pequena chácara junto com o esposo.
“A gente estava com muita dificuldade. E com os professores, através de cursos sobre como cultivar o maracujá, continuamos na produção. Lá nós temos mais de 300 pés no início, agora plantado, produzindo e é através da orientação deles”, completou.
Projeto Piloto
A partir desse encontro, rico de trocas de experiências e saberes por mulheres de diferentes realidades, o IFMT manifestou o interesse institucional de que as chamadas públicas apresentadas pelo Ministério da Mulheres, venham a abranger as instituições federais de ensino, pesquisa e extensão.
“Pelo aceno do Ministério das Mulheres nasce a possibilidade de em 2024 construirmos um plano piloto para que o Teresa de Benguela se estenda às mulheres em situação de vulnerabilidade de todo o Brasil através do Ministério”, afirmou Regina.
O objetivo do IFMT é promover e incentivar o desenvolvimento de estratégias voltadas ao fortalecimento do protagonismo feminino, à valorização do trabalho das mulheres, à ampliação da participação social e a promoção da igualdade de gênero,
“Nesse documento assinado pelo reitor e entregue para a Ministra a instituição se colocou à disposição daquela pasta com o intuito de ampliar o debate e as ações já realizadas,” completou Laura.
Participaram da Mesa de Debates “Falas de Teresa”, além da Ministra, da secretária nacional e das gestoras do IFMT:
Vanda Copacabana Vilasboas - Representante das mulheres chiquitanas - Doutora Honoris Causa pelo IFMT;
Silviane Ramos Lopes, presidente do coletivo Herdeiras do Quariterê - Representante das mulheres quilombolas;
Maria das Dores de Oliveira Procópio - Representante das mulheres da Agricultura Familiar;
Domingas Aptso Rikbaktsa - Representante Indígena etnia Rikbaktsa;
Suany Suley Galvan de Sucre - Representante das mulheres migrantes;
Lucimar Pereira Poleto - Representante da Secretaria de Segurança Pública;
Texto: Orismeire Zanelato - Reitoria IFMT